sexta-feira, 13 de abril de 2007

Folha de S.Paulo - 09/04/07

"Roda Viva" entrevista Hermínio Bello
Por Carlos Calado

Só o fato de ter revelado a cantora Clementina de Jesus, em 1963, já garantiria a Hermínio Bello de Carvalho uma menção na história da música brasileira. Mas foram tantas as contribuições desse agitador cultural, letrista e produtor carioca, hoje com 72 anos, que ele figura como personagem de vários capítulos dessa história.
"Tenho horror de puristas e de saudosistas", afirma o entrevistado do "Roda Viva" da noite de hoje. Mostrando não ser um daqueles que vivem lamentando o suposto fim dos "bons tempos" da música brasileira, Bello de Carvalho se declara otimista ao ver uma jovem geração de intérpretes e compositores renovando a cena do choro e do samba.
Ao comentar a crise que abate a indústria do disco, o produtor de históricos shows e gravações de vários astros da música brasileira, como Paulinho da Viola e Elizeth Cardoso, não poupa os dirigentes. "A maioria das gravadoras é dominada por gente que não tem nada a ver com a música", critica.
Também sobram farpas para a "indústria pesada" do Carnaval, para o desrespeito aos direitos autorais no país e até para o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que já o homenageou com um poema. Bello de Carvalho ainda considera que a recente troca da direção da Funarte é um equívoco. "O Brasil está complicadinho", ironiza.