terça-feira, 24 de abril de 2007

Zero Hora - 24/04/07

"Sempre acordo com uma idéia nova"
Entrevista: Hermínio Bello de Carvalho, poeta, letrista e produtor cultural

A Márcio Pinheiro

Zero Hora - Como foi ser homenageado com um perfil biográfico logo depois de ter boa parte da carreira revista em uma caixa com cinco CDs?

Hermínio Bello de Carvalho - Entendo que a caixa de discos é apenas um inventário do que produzi musicalmente. Já o perfil biográfico vai além, e traça meu percurso - sobretudo na área cultural - com fidelidade. Me senti lisonjeado, não nego, com essa homenagem.

ZH - Como foi lembrar de passagens importantes da tua vida ao lado de Paulinho da Viola, Clementina, Elizeth Cardoso, Cartola e Jacob do Bandolim?

Hermínio - Costumo dizer que não sou saudosista, mas a verdade é que grande parte de meus velhos amigos já foi embora, e isso deixa um vazio. Ao mesmo tempo, tenho a oportunidade de cultuá-los sempre junto aos jovens amigos e parceiros.

ZH - Ao lembrar a trajetória de vida teve saudades?

Hermínio - É claro que pessoas como essas citadas por você, e nunca esquecendo de minha querida Aracy de Almeida, deixaram marcas profundas. Beber uns uisquinhos com Pixinguinha no Bar Gouveia é coisa que nunca vou esquecer.

ZH - E quais são os projetos futuros?

Hermínio - Continuo compondo, compondo bastante, inclusive com parceiros-alunos, o que é uma experiência fascinante. E pensando em publicar o Áporo Itabirano, que é a correspondência trocada com Carlos Drummond de Andrade. O tempo que tenho pela frente é o meu grande adversário. Afinal, estou com 72 anos. Mas, diante da vitalidade do Oscar Niemeyer, que está completando 100 anos, sou obrigado a pensar que ainda sou uma criancinha...

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Estado de Minas - 09/04/07


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Revista Educaçao - 04/07


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Coluna do Aquiles - 04/07

Belamente Hermínio
Por Aquiles Rique Reis*

Hermínio Bello de Carvalho continua merecedor de homenagens tão diversas quanto merecidas. A mais recente se materializou no livro "Timoneiro", que traz encartado o CD "Manuscrito Sonoro". Escrito pelo jornalista Alexandre Pavan, "Timoneiro" (Casa de Palavra) confirma o que muitos já sabiam: são plurais os bellos; são poderosos os carvalhos; são muitos os hermínios.

Desde sempre Hermínio é um poeta de múltiplas idéias – ama-as todas com o ardor que cultiva o encanto de vê-las florescer por suas mãos de jardineiro. Ele que nasceu para ter lampejos de descobridor, inúmeros são os tesouros que trouxe à cena por seu carinhoso labutar.

Pelo texto caloroso e cuidadoso de Pavan, o leitor de "Timoneiro" acompanha o crescimento do menino Hermínio; chega com ele à adolescência; percorre com ele os corredores da Rádio Nacional do Rio de Janeiro e vê sua aproximação dos ídolos da época. Enfim, compreende que ali nascia o que logo seria a marca registrada de Hermínio Bello de Carvalho: sua capacidade de seduzir e encantar os que dele se acercam.

É belo constatar que a vida do poeta Hermínio é feita de amizades profundas. Daquelas que se constroem pelo dia-a-dia no trabalho e, mais do que isto, forjadas no amor que viceja entre os que se fascinam com as qualidades daqueles com quem convivem. Assim cresce Hermínio.

Certo de que nada pode e nem deve se resumir ao momento fugaz em que acontece, ele cunhou uma sentença que melhor ilustra sua personalidade – “resíduo cultural”: nenhum fato cultural pode acontecer sem que algo o ajude a se perenizar. Qualquer gesto ou ação, toda idéia há de ser levada a cabo, mas tendo como preocupação ficar para os que virão depois e dela se aproveitarão. Pensa Hermínio que nada deve ficar para trás. Tudo tem de seguir seu curso revelando belezas, incentivando desdobramentos, abrindo caminhos... Bela é a história de vida deste intenso multiplicador cultural. Comoventes são seus dias movidos à paixão. Luminares são seus projetos.

Hermínio bolou e Kleber Santo dirigiu o espetáculo Rosa de Ouro. Um show que juntou no palco do Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, Aracy Cortes, Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Nelson Sargento, Jair do Cavaquinho e aquela que logo se transformaria na sensação daqueles conturbados tempos pós-instalação da ditadura militar, Clementina de Jesus. Descoberta por Hermínio, mãe Quelé fazia tremer a platéia no pequenino Teatro Jovem.

Daí em diante, muitas iniciativas que resultaram em discos e shows históricos tiveram as marcas da cabeça revolucionária e das mãos mágicas de Hermínio Bello de Carvalho. Ações culturais sempre relevantes, nunca óbvias; projetos invariavelmente definitivos, jamais fugazes, contaram com as idéias desta usina de sonhos que atende pelo nome de Hermínio Bello de Carvalho.

Alexandre Pavan nos descreve carinhosamente a trajetória do poeta da brasilidade mais escancarada, mais despudoradamente rica que aqui se exibe; relata-nos o que nomeou de Herminices – causos que se somam a fatos vividos pelo poeta e bem demonstram o humor, o talento, a capacidade de fazer amizades, o jeito de Hermínio idealizar desbragadamente os mais variados projetos culturais e pô-los em prática. Sempre como um ato de fé na tradição do povo em quem tanto crê.

Temas que poderiam causar algum tipo de constrangimento, como homossexualidade, são abordados naturalmente – como de resto não poderia deixar de ser, em se tratando de pessoas sensíveis e inteligentes.

Em "Timoneiro", tudo se torna palavra amorosa a serviço de traçar o perfil biográfico de uma das personalidades culturais mais importantes do Brasil dos séculos XX e XXI.

Os sonhos de Hermínio estão voltados para o futuro. Visam à juventude com quem hoje convive na Escola Portátil de Música. Mocidade que vai sucedê-lo e da qual não se cansa de desfrutar o frescor, enquanto a abastece com a sabedoria de quem constrói a história digna de um livro: Timoneiro!

*Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4, amigo e fã de Hermínio Bello de Carvalho

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Folha de S.Paulo - 09/04/07

"Roda Viva" entrevista Hermínio Bello
Por Carlos Calado

Só o fato de ter revelado a cantora Clementina de Jesus, em 1963, já garantiria a Hermínio Bello de Carvalho uma menção na história da música brasileira. Mas foram tantas as contribuições desse agitador cultural, letrista e produtor carioca, hoje com 72 anos, que ele figura como personagem de vários capítulos dessa história.
"Tenho horror de puristas e de saudosistas", afirma o entrevistado do "Roda Viva" da noite de hoje. Mostrando não ser um daqueles que vivem lamentando o suposto fim dos "bons tempos" da música brasileira, Bello de Carvalho se declara otimista ao ver uma jovem geração de intérpretes e compositores renovando a cena do choro e do samba.
Ao comentar a crise que abate a indústria do disco, o produtor de históricos shows e gravações de vários astros da música brasileira, como Paulinho da Viola e Elizeth Cardoso, não poupa os dirigentes. "A maioria das gravadoras é dominada por gente que não tem nada a ver com a música", critica.
Também sobram farpas para a "indústria pesada" do Carnaval, para o desrespeito aos direitos autorais no país e até para o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que já o homenageou com um poema. Bello de Carvalho ainda considera que a recente troca da direção da Funarte é um equívoco. "O Brasil está complicadinho", ironiza.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Programa "Roda Viva" - TV Cultura



Hermínio Bello de Carvalho é o convidado do programa Roda Viva (TV Cultura), que vai ao ar na próxima segunda-feira, 09/04, às 22h30, com apresentação do jornalista Paulo Markun. A bancada de entrevistadores é formada por Patrícia Palumbo (Rádio Eldorado e TVE), Lázaro de Oliveira (Programa Metrópolis), Helton Altman (produtor cultural), Norma Couri (Jornal do Brasil), Beatriz Coelho Silva (Estado de S.Paulo) e Alexandre Pavan (autor do livro "Timoneiro - Perfil Biográfico de Hermínio Bello de Carvalho")