Entrevista: Hermínio Bello de Carvalho, poeta, letrista e produtor cultural
A Márcio Pinheiro
Zero Hora - Como foi ser homenageado com um perfil biográfico logo depois de ter boa parte da carreira revista em uma caixa com cinco CDs?
Hermínio Bello de Carvalho - Entendo que a caixa de discos é apenas um inventário do que produzi musicalmente. Já o perfil biográfico vai além, e traça meu percurso - sobretudo na área cultural - com fidelidade. Me senti lisonjeado, não nego, com essa homenagem.
ZH - Como foi lembrar de passagens importantes da tua vida ao lado de Paulinho da Viola, Clementina, Elizeth Cardoso, Cartola e Jacob do Bandolim?
Hermínio - Costumo dizer que não sou saudosista, mas a verdade é que grande parte de meus velhos amigos já foi embora, e isso deixa um vazio. Ao mesmo tempo, tenho a oportunidade de cultuá-los sempre junto aos jovens amigos e parceiros.
ZH - Ao lembrar a trajetória de vida teve saudades?
Hermínio - É claro que pessoas como essas citadas por você, e nunca esquecendo de minha querida Aracy de Almeida, deixaram marcas profundas. Beber uns uisquinhos com Pixinguinha no Bar Gouveia é coisa que nunca vou esquecer.
ZH - E quais são os projetos futuros?
Hermínio - Continuo compondo, compondo bastante, inclusive com parceiros-alunos, o que é uma experiência fascinante. E pensando em publicar o Áporo Itabirano, que é a correspondência trocada com Carlos Drummond de Andrade. O tempo que tenho pela frente é o meu grande adversário. Afinal, estou com 72 anos. Mas, diante da vitalidade do Oscar Niemeyer, que está completando 100 anos, sou obrigado a pensar que ainda sou uma criancinha...
